Page 8 - Boletim Bibliografico nº 2 2024
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MARROCOS 250 anos do Tratado de Paz 30 anos do Tratado de Amizade e boa vizinhança



          Dois Tratados Inspiradores


                                                       O ano de 2024 é rico em efemérides, no que ao
                                                       relacionamento bilateral luso-marroquino diz respeito.
                                                       Comemora-se este ano, com efeito, o 250º aniversário
                                                       do Tratado de Paz, Navegação e Comércio e o 30º
                                                       aniversário do Tratado de Amizade, Boa Vizinhança e
                                                       Cooperação, celebrados entre os dois países.

                                                       Estes dois instrumentos jurídicos constituem as grandes
                                                       balizas e referências do relacionamento entre Portugal e
                                                       Marrocos, atestando de per se a excelência que o
                                                       caracteriza.

                                                       O primeiro encerra o longo período, de quatro séculos,
                                                       da presença portuguesa em Marrocos, dando início a
                                                       uma nova fase de paz, bom entendimento e respeito
                                                       mútuo, que perdura até hoje, sem qualquer mácula ou
                                                       sombra. Ele constitui, assim, o quadro jurídico de
                                                       referência que rege as relações entre os dois países na
                                                       época contemporânea.

                                                       Já o Tratado de Amizade estabelece uma moldura
                                                       precisa de contatos políticos bilaterais regulares, de
                                                       carater transversal, destinada a assegurar um
                                                       acompanhamento, atento e eficaz, da dinâmica
                                                       existente entre os dois países, moldura essa que tem
        vindo a ser respeitada e seguida nas últimas décadas. O acordo estabelece ainda um ambicioso
        programa de cooperação em setores-chave como a Economia, a Defesa, a Justiça, ou a Cultura,
        domínios em que muito persiste ainda por explorar.

        Mas se estas duas importantes efemérides constituem, sem dúvida, um motivo de celebração, elas
        encerram também uma não despicienda dose de responsabilidade.

        O Tratado de Paz de 1774, atestando a longevidade da amizade e da confiança existentes entres dois
        Estados, tão geograficamente próximos, mas tão distintos - um europeu, o outro africano; um laico, de
        tradição cristã, o outro muçulmano - constitui um exemplo extraordinário de coexistência, tolerância e
        respeito pela diversidade que é de enorme atualidade no mundo, crescentemente fragmentado e
        polarizado, em que vivemos hoje.



        Já o Tratado de Amizade de 1994, permanece, em grande parte, como um desafio, já que as suas
        ambiciosas disposições programáticas, volvidos 30 anos, estão longe de terem atingido o seu zénite.
        Mantendo-se os compromissos ali assumidos inteiramente válidos, o aniversário que este ano
        celebramos não vem, assim, senão acentuar a premência da sua concretização em benefício de
        portugueses e marroquinos.
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